A dor do silêncio

Um grito do nada,
No meio do nada,
Com a cara amassada de tanto chorar,
Com um espinho na alma,
A cabeça fechada,
A dor do silêncio me faz transpirar.
A prisão que sustento,
Que é meu grande tormento,
Não tem grade, tão pouco tempo de espera,
Não tem porta e tão menos janela,
Não entendo porque mesmo querendo e podendo,
Não consigo fugir.
Parece um declínio,
Um olhar de menino ao ver um problema,
Que traduz o adulto em seu maior dilema,
Por que tem que ser assim?
Se a vida é ser livre,
Sorrir e cantar,
Por que sozinho a chorar,
Por que cair e mesmo querendo não levantar.
O que acontece?
Vejo o tempo passando,
O cabelo caindo,
A artrose atacando,
A barriga aumentando,
Meus dias são menos do que um dia pensei.
Se não fosse a fé,
E um matutino café,
Entregaria as forças que julgo ter para um desconhecido,
Talvez pra ele fizesse sentido,
Tornaria meu dia noite e jamais ousaria em acordar.